quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Show must go on

Estou a 23 dias de fazer parte das estatísticas mais sombrias da União Europeia.

Durante um ano, aprendi muito. Comecei nas funções básicas, lineares, mas depressa cheguei ao patamar seguinte. Houve dias despreocupados, dias de puro ócio, horas passadas na net sem mais nada para fazer. Houve dias de stress, dias em que as horas não chegavam para o que tinha de ser feito, dias em que as minhas pernas não acompanhavam a minha genica. Com o tempo, veio a responsabilidade, vieram as horas extraordinárias e os pedidos para "tapar furos" em áreas que não a minha. E eu gostei. Das minhas mãos, saíram notícias, fotos, uma revista. Pode até parecer pouco, mas aos meus olhos, é um orgulho.
Gostei desta coisa de "trabalhar para ganhar o meu". Gostei de ver o verdinho a entrar, certinho (embora não gostasse muito de o ver saír...). Fazer férias, jantar fora, dar asas à futilidade sem depender dos pais.

Mas - e tinha de vir o "mas" - não há lugar para mim aqui. Sei que gostaram do meu trabalho, sei que abri precedentes para um lugar que vai ficar por preencher, mas as verbas não permitem. E tenho pena. Muita pena. Pelo ordenado (que dava muito jeito, especialmente agora), pelo trabalho que me deu gozo fazer e por algumas pessoas. Também tenho pena por mim, que durante uns dias vou andar aí feita barata tonta, a tentar rumar não sei bem para onde, à procura não sei bem do quê.
"Não quero que desistas do teu sonho", disse-me ele. E não desisto. Mas está na prateleira por tempo incerto, porque dada a situação e o futuro que parece pintado economicamente, não pode ser de outra maneira. Fazer rádio parece-me pouco provável.

Não sei o que o futuro me reserva.
Mas sei que dia 29 de Outubro uma etapa chega ao fim e outra terá o seu início.

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