Em pulgas

para ver o filme.

Mas mais ainda para ver outras 3 protagonistas de muitos episódios da minha vida ;)

Saudades ***

Angelina

Sabem aquele verso da canção "vocês sabem lá / a saudade de alguém que está perto"?

A minha avó tem, até ao dia 22 de Junho, 87 anos. Há um ano e muito foi-lhe diagnosticada Alzheimer. Antes disso, cozinhava, varria, fazia camas, subia e descia escadas, tratava dela, tudo sozinha. E a verdade é que os únicos sinais mais alarmantes que notávamos era o constante queimar do refogado; punha-se a fazer a comida, ia à sala ver um bocadinho do Goucha e... já era! vezes e vezes sem conta, até ao dia em que deixou de cozinhar. Depois, foi a vez de trocar as horas. Às tantas da noite lembrou-se de sair de casa, para ir comprar o pão. Não se repetiu, porque foi aí que a sentença foi proferida.

A partir de então, a vida com a minha avó é um misto de emoções: ora está triste, rebugenta e tão mal com a vida que só pede para morrer, ora está bem-disposta, cheia de vida e implora a Deus que não a leve. Parte-me o coração vê-la de qualquer destas maneiras. Porque é triste vê-la triste. Porque é triste vê-la bem e portanto consciente de que o fim pode estar perto.
Almoço com ela de segunda a sexta e não há dia em que, quando a vejo, não me lembre dela. Do que ela era. Do que ela foi. A doença e a velhice uniram-se e isso é visivel. Ela anda, mas só o suficiente para chegar do quarto à cozinha; ela come, mas não sem demorar 1h e remexer a comida toda para separar grão por grão; ela sorri, mas não sem antes ter gemido e chorado.

A essência da minha avó permanece. Ainda tem o mesmo sorriso e a mesma voz, as mesmas manias e aquela resposta na ponta da língua. Mas não tem o brilho no olhar, não tem a garra...

Eu que tantas vezes lhe respondi mal por ela me querer manter numa redoma de vidro, quando o que eu queria era ir para o tanque e tomar banho com as minhas primas na água gelada, hoje, agora, neste preciso momento, sinto saudades de a ouvir dizer "Nina, sai da água!".

Porque a minha avó fazia-me arroz de tomate; fazia-me comer a sopa; assava maçãs no forno de lenha; lavava roupa no tanque; apanhava lenha no monte; levava um pedaço de pão no bolso da frente do avental.

Porque a tenho e não tenho. Porque tenho saudades dela.

***

"Actualidade" é um termo relativo

especialmente se considerarmos que algo escrito há 139 anos é a descrição mais exacta do que se vive em pleno ano de 2010.

"(...) O país perdeu a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos.A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. (...) A classe média abate-se, progressivamente, na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. O salário diminuiu (...) o Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. (...) Não é uma existência, é uma expiação. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"

Eça de Queirós - 1871

Ora então... entre a vitória do Benfica no campeonato que fez cerca de 6 milhões de pessoas desactivarem os neurónios por uns dias tamanha a alegria (que eu entendo e apoio, by the way...) e a visita de sua santidade que pôs menos uns milhões vibrantes, toma lá que "vamos dar início ao pagamento do TGV - Trambolho Grande e Verdadeiramente desnecessário - precisamente agora, que emprestamos 2 milhões aos gregos". Sim! 2 milhões que, eventualmente, vamos ter de pedir a alguém...

Vai daí, e porque estas merdas andam sempre aos pares, toma também uma subida dos impostos. Zé Povinho, bebe uma água com gás... ajuda a digerir.

***

Pensamento da semana # 4

(Devia ser assim, devia. Mas todos sabemos que não é.)

***

Onde raio é que eu a deixei?

Alguém viu por aí a minha boa disposição? Não?

A minha paciência? A minha boa-vontade? Também não?

Era o que eu temia...

***

Pensamento da semana # 3

***

Ganhei o dia

Chego para almoçar, dou um beijo à minha avó e ela diz "estás bonita"...

E eu que nem me tinha apercebido que tinha saudades da doçura que a doença lhe tirou.

Mas tenho.

***

A pessoa vai a Madrid,

vem de lá com a carteira mais leve, com as pernas doridas, com os pés massacrados mas muuuito  rica onde mais é preciso - entenda-se, na mente.
Ele foi palmilhar a cidade em 2 dias, meter cultura pela goela abaixo como se não houvesse amanhã no Prado e no Reina Sofia, alapar  nos jardins a ouvir um espanhol a "ganir" inglês...Ainda houve tempo para quase ser atingida por um petardo vindo da euforia dos adeptos do Atlético e ver o bumbum de um outro adepto eufórico que parava o trânsito dessa maneira tão, mas tão engraçada (Ou não. Ou não.)
Fim de semana jeitoso. Curto, mas jeitosinho.

Eish! (private joke)
***