terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Do romantismo

Numa escala do romantismo, de 0 a 10, estou ali no "romântica assim-assim, que detesta lamechice pegada mas adora gestos dedicados".
Os meus avós maternos estiveram casados 49 anos. Cresci a vê-los ir ao café de mão dada, a ouvir o meu avô tratar a mulher por um nome carinhoso. Depois do meu avô morrer, há 15 anos, a minha avó teve um AVC quase fatal, ela, uma mulher completamente saudável até então. Os mais velhos diziam "foi a paixão que fez isto." E secalhar foi.
Nos últimos tempos, fui ouvindo as memórias. Como o  meu avô todos os dias lhe levava o pequeno-almoço à cama, como acordava as filhas encostando-lhes à cara pão quente com manteiga. Isto tudo para dizer que sim, o meu avô era um coração mole mas, mais que isso, era um apaixonado pela mulher que lhe deu 5 filhas, que esteve ao lado dele nos melhores e nos mais delicados momentos, a mulher que o conhecia de olhos fechados. E nunca teve problemas em admiti-lo, pelo contrário. Para mim, eram um exemplo de casal, de cumplicidade e dedicação.
Nos tempos que correm, o que vejo são dois extremos: casais que fazem declarações assolapadas, que "exibem" a felicidade de maneira exarcebada, que se dedicam mais a mostar aos outros em vez de se conhecerem um ao outro. E depois, na maior parte dos casos, a relação acaba porque não investiram tempo a tentar resolver as diferenças. Porque é mais fácil alegar que "o amor acabou" ou que "existem diferenças irreconciliáveis" do que admitir que "não há necessidade de insistir nisto. Se não fôr feliz com esta pessoa, vou ser com outra. O que mais há é oferta."
É por isso que estou ali no meio-termo do romantismo. Adoro os jantares, as noites surpresa, as prendas inesperadas, os olhares de cumplicidade ou aquelas declarações, entre nós, que me fazem acreditar. Há que alimentar a relação, mimar quem nos mima. Mas nada de cair no exagero, sff! O que é de mais enjoa.

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