sábado, 29 de janeiro de 2011

Dos sonhos

O Sonho - Picasso
Quando era pequena, queria ser pediatra. (In)Felizmente, a escola tratou de me mostrar que as ciências não eram para mim e percebi que as línguas eram mais a minha praia. Com o passar do tempo, comecei a ficar muito interessada em ler, escrever, ver TV, as notícias e, principalmente, os repórteres. E foi assim que nasceu o sonho.
Desde os 14 anos que soube: vou ser jornalista. "Vou contar ao mundo, em primeira mão, tudo o que há para saber. Vou para as zonas de guerra só para poder estar lá e relatar tudo o que se passa. Não tenho medo! Eu tenho de fazer isto..."
Há 3 anos que me licenciei. Há pelo menos 5 que sei que as coisas não seriam fáceis. Há uns 2 anos que tudo se começou a tornar mais complicado e há 3 meses que sinto isso na pele. Mas ontem, subitamente, dei por mim a baixar a guarda e a dizer a mim mesma que está na altura de adiar o sonho...
Tive a formação que quis, lutei por ela, confrontei famíla, deixei tudo para trás porque me mudei de armas e bagagens para Lisboa por acreditar que lá sim, cumpriria o sonho. Em 5 anos de altos e baixos, nunca deixei de acreditar que a rádio teria um lugar para mim ou que os meus pais se iam orgulhar de mim, ao ver um texto meu num jornal conceituado.
Não estou a desistir, estou só a arrumar o sonho numa prateleira, na esperança que ela não se vá enchendo de pequenos bibelots e acabe por ficar esquecida até à altura de limpar o pó. Podem até dizer que passou pouco tempo, que as coisas hão-de melhorar. Talvez. Mas a verdade é que o tempo não me mantém, o tempo não dá comida, roupa, não paga consultas. Nos tempos que correm (e que, aparentemente, vão correr) não se trabalhar no que realmente se quer, não é grave. Grave é não trabalhar.
Eu tinha um objectivo. Agora, tenho que me adaptar.
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